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Mostrando postagens de fevereiro 2, 2020

Testes em animais: quebrando argumentos

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Testar substâncias, produtos e medicamentos em animais vivos tem sido o padrão da ciência e da indústria há muito tempo, gerando uma quantidade incontável de sofrimento físico e emocional para um número igualmente incontável de animais. Os argumentos em defesa dessa crudelíssima prática não variam muito em seu conteúdo. A seguir, rebato os principais deles. Argumento 01 – Animais não sofrem Esse argumento não é mais tão utilizado, pois apenas uma pessoa completamente ignorante em ciências e incapaz de observar animais com a mínima atenção ainda reproduziria, no século XXI, esse tipo de afirmação (e, portanto, a validade de sua opinião para a reflexão sobre este tipo de assunto seria nula). Contudo, esse argumento já foi utilizado por pessoas da estatura de Descartes, que argumentava que quando um animal geme, isso não seria uma queixa, mas apenas o ranger de um mecanismo funcionando mal. Sendo assim, vale elencá-lo. Além disso, ainda que apoiadores dos testes em animais possam não usar

Apenas alguns silogismos

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O arquiclássico esquema do silogismo aristotélico é fundamental para a estruturação do pensamento nos últimos 2300 anos. Ele é arquitetado da seguinte forma: a.      Uma premissa (maior) b.      Outra premissa (menor) c.      Conclusão (logo/portanto...)     Apliquemos tal esquema aos animais e à nossa relação com eles: a.        Todo ser senciente é capaz de sofrer; b.        Diversos animais não humanos são sencientes; c.        Logo, diversos animais não humanos são capazes de sofrer. a.        Causar sofrimento a algum ser é imoral; b.        Nossas atitudes para com os animais causam sofrimento; c.        Logo, nossas atitudes para com os animais são imorais.   a.        Obrigar um ser a viver em função de outro é escravidão; b.        Animais são seres obrigados a nos servir; c.        Logo, animais são escravizados por nós.   a.        Escravizar um ser é imoral; b.        Animais são escravizados por nós; c.        Logo, nossa relação com os animais é imoral.   E por aí vai… Id

Ecoveganismo, política e economia

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O presente ensaio visa tecer conexões entre a visão de mundo ecovegana, a política e a economia, partindo do pressuposto de que devemos superar tanto o ponto de vista individualista quanto o coletivista. Ainda, ele reflete sobre a moralidade presente na relação entre política e economia. 1 - Ecoveganismo como fundamento da política A proposta ecovegana une a defesa do veganismo (não escravização e exploração dos animais não humanos) com a preocupação com o espaço vital destes indivíduos, ou seja, seus ambientes. Trata-se, portanto, de uma ética não focada nem apenas nos indivíduos, nem apenas nos seus ambientes, ou seja, nem uma defesa do individualismo, em que para se cumprir interesses individuais passa-se por cima dos interesses de todos os outros, indivíduos ou coletividades, nem uma defesa de cosmovisões coletivistas, nas quais os indivíduos são anulados. O fato de que tanto o individualismo imoral quanto o coletivismo imoral coexistam nas bases de nossa cultura mostra o quanto