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Um Homem Íntegro (Conto, 2009)

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Um homem íntegro I A gente não escolhe a espécie em que nasce. Muitas vezes andei amoroso pelas ruas. Os que me viam certamente pensavam: “Aí está uma boa alma”. Mas era por causa deles que tal amorosidade se esvaia. Resolvi ficar em casa. Que não me venham falar que nunca tentei o convívio. Quando jovem tentei as festas. Rapidamente conclui que eram ótimos lugares para se criar expectativas prévias e lamentos posteriores. Desisti. Tentei os bares e as moças que os frequentam. Beber e esperar pelas igualmente bêbadas era fácil. Percebi, nem tão rapidamente, que nem só de jorro de esperma vive o homem. Desisti. Resolvi ser escritor e me colocar ao mundo pelas letras. Comprei um computador e com ele me uni por uma noite. Tentei um romance descrevendo todas as minhas mazelas de amor. Se não fosse interessante, ao menos havia eu certeza de que assim as tiraria do espírito, como a um câncer. Escrevi horas e horas. Inacreditáveis horas seguidas, remoendo mente e corpo sem trégua. Em mínimos