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Mostrando postagens de setembro 25, 2009

A vegana arte de apreciar obras de arte (crônica)

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Certeza tenho de que a vida vegana é algo bom. Mas, dado esse olhar, o incômodo segue-me onde quer que eu vá. A vida é um grande espetáculo de dor e violência.Tenho culpa se a normalidade é tão assombrosa? Sou ranzinza pela violência ser o status quo? Adoro música clássica e às vezes vou a concertos, durante os quais, mesmo estando com a mente a anos-luz de distância, inebriado por todo aquele som, aquelas dezenas de instrumentos em acordo, levado por relevos sonoros inimagináveis, há sempre algo me cutucando os neurônios: esses arcos são feitos com crina de cavalo! Incômodo que perdura mesmo na mais delicada sinfonia. E fico pensando: o que mais deve haver de origem animal nesta orquestra? Será que estes instrumentistas capazes de toques tão doces são devoradores de cadáveres? Será que eles festejam uma boa temporada com um grande churrasco? E as crinas? Não há outro modo? Dizem que os materiais sintéticos não produzem um som tão bom. Mas vos pergunto: e o que o cavalo tem a ver com i

O Feijão Mágico (Conto, 2009)

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Uma vez recebi uma estranha carta não assinada. Dizia que havia se afeiçoado muito por opiniões minhas publicadas em certo texto, onde expunha minha visão a favor da libertação dos animais das mãos de seus carrascos humanos. Dizia que não podia dizer por carta, mas havia um porquê muito profundo nes s e interesse em minha pessoa. Combinamos um encontro em um famoso parque de São Paulo. Pequeno, com uma longa barbicha e ar bem simpático, apresentou-se como “o Gênio”. Contou-me sobre sua história de vida. Havia também vivido uma vida de clausura graças à humana sede de poder. Viveu por centenas de anos confinado em uma espécie de lamparina, sendo-lhe permitida a saída apenas para realizar desejos daqueles que a possuíram. Pedidos mesquinhos, invariavelmente, como era de se esperar. Não me contou sobre como escapou dessa condição, mas hoje vive livre, ainda que praticamente sem sair de sua pequena chácara nos arredores da cidade. Viramos grandes amigos. Nossas conversas acerca da libe