Olhando para o chão: Manoel de Barros e Isaac Bashevis Singer
“ É mais fácil fazer da tolice um regalo do que da sensatez. Tudo que não invento é falso. Há muitas maneiras sérias de não dizer nada, mas só a poesia é verdadeira ” (Manoel de Barros) Em seus belos textos, Manoel de Barros constrói uma particular forma de olhar para o chão. Tentou, pela poesia, tornar a natureza algo encantado e dissolver fronteiras entre animais, plantas e ambientes. A sensação que nos passa é de um amante da natureza e seus seres, alguém que viveu para contemplá-la com carinho. Pois bem, Manoel de Barros, que orgulhava-se de ter podido vagabundar desde a meia idade até a avançada idade em que faleceu, assim vivia pois, no final dos anos 1950, herdou uma fazenda da qual tirava seu sustento criando gado. O poeta era um pecuarista . Escravizava e assassinava (ou vendia para que fossem assassinadas) as criaturas para as quais se atentava ( Eu fui aparelhado/para gostar de passarinhos ). Ou os bois e vacas não faziam parte de sua natureza? Em sua Gramática Expositiva do