Sobre a contemplação do atemporal e do anespacial


Um questionamento comum no imaginário daqueles que estudam o modo como nosso Universo veio a existir por via do Big Bang é sobre o que haveria antes do Universo. A resposta dominante entre os estudiosos de astronomia ou de cosmologia é que tal pergunta não é cabível, pois só é possível falar em algum “antes” a partir do Big Bang, haja vista que o tempo nasceu nesse momento e é limitado às fronteiras do Universo.

Seguindo a mesma linha de raciocínio, podemos conceber igualmente que perguntas sobre o que haveria fora do Universo também não seriam cabíveis, pois o espaço igualmente nasceu com o Big Bang e é limitado às fronteiras do Universo, o que faz com que noções espaciais como dentro e fora apenas possam existir no interior de tais limites.

Assim sendo, o espaço e o tempo existem apenas no Universo, dentro de suas fronteiras ainda em expansão.

Abre-se, por conseguinte, duas possibilidades: a primeira é a de que fora ou antes do Universo haveria uma inexistência absoluta de realidade. A segunda seria a da existência do atemporal e do anespacial - de algo não temporal (como seriam a eternidade ou o puro instante) e não espacial (como seria a onipresença).

No primeiro caso, o Universo espaço-temporal limitaria todas as possibilidades de existência.

No segundo caso, abriria-se a possibilidade de haver algum tipo de existência eterna e, ao mesmo tempo, absolutamente presente no instante, abrangendo a totalidade da realidade. Se assim fosse, a contemplação da realidade concreta poderia irmanar-se ou amalgamar-se à contemplação de caráter místico.


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