Diálogo ao pé da cruz (poema)

Diálogo ao pé da cruz


Então obtiveste a cruz, menino da manjedoura.
E, daí, olhas-me.
Olho-te.
O que fizeste?
Dizem que andaste.
Andaste e criaste com a Palavra…

Não me embriaguei em Caná,
Mas me emocionei na montanha.
Oh, menino da manjedoura,
Vi-te mais compassivo com demônios que com porcos.
Ative-me ao realismo melancólico
E, solitário, retirei-me.

Agora, olhas-me.
Sangras e olhas.
Olho-te fixamente, menino da manjedoura.
Olho-te e meus olhos perguntam:
O que em ti nos cabe?
Teu sangue, tua cruz ou teu deserto?
                
                        Dennis Zagha Bluwol, 2016

Comentários