Manifestação contra a PEC 37 (Crônica, 2013)



Hoje, após encher o bucho em um caro e oleoso restaurante vegetariano de São Paulo, saí para uma caminhada pela Avenida Paulista. Eis que me deparei com uma horda patriótica em polvorosa, com suas buzinas, faixas, placas, cervejas e maquiagens verde e amarelas. Pois bem: resolvi então realizar um experimento jornalístico-sociológico com a massa: perguntar, com a maior inocência, para pessoas carregando placas contra a tal da PEC-37, tema do evento de hoje, o que seria este troço.
Seleciono algumas das belas conversas que enriqueceram esta tarde de Sábado dantes nebulosa:

O primeiro alvo foi um jovem universitário que distribuía um panfleto com um símbolo do Anonymous e, no verso, um logo contrário à PEC. Sua resposta:
- Cara, minha mãe é delegada, tá ligado, e... cara, ela falou que é foda! O Ministério Público vai perder poder!
A jovem seguinte:
- Tipo... o judiciário... tipo... sabe? Eles vão proibir o Ministério Público de investigar os crimes. Só a polícia vai poder fazer.
A um outro, cuja resposta foi de mesmo teor, perguntei, sempre inocentemente:
- Ah é? Mas qual o problema disto? Cada um deles não teriam papéis diferentes?
- Não, cara, a polícia é corrupta, hierárquica...
- Ainda não entendi qual o grande problema. No MP não há corrupção?
- É... mas...tipo... São várias questões! A corrupção, a Dilma, tá ligado...
Ao final, enquanto a massa refinadamente expressava seu parrudo embasamento político gritando Ei, Dilma, vai tomá no cu!, perguntei para mais quatro jovens as mesmas perguntas. E... as mesmas respostas, que terminaram com a pérola revolucionária:
- O que importa é sair na rua! Finalmente o povo está na rua!!

Para finalizar com êxtase total e reafirmar nossa fé no gigante, pude presenciar o momento em que, no nobre espírito anti-cura gay, em pleno exercício do potencial anti-homofobia de nossa população, o profundo cântico fora entoado: - Feliciaaaaano Viaaaado! Feliciaaano Viaaaado!

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